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A gravação se dá no caminho

Seu Aldo - Foto Luiz Vinicius
Seu Aldo – Foto: Luiz Vinicius

Um dia a máxima foi “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Mas quando a tarefa de registrar os segmentos culturais de Santa Maria* surgiu, percebemos que – mais uma vez – não poderíamos seguir à risca o modelo de Glauber Rocha. O processo se dá de outra maneira. Alguns motivos de ordem prática nos limitam: a necessidade de um produto audiovisual de poucos minutos, o número de diárias para as gravações e o intuito de retratar os segmentos de uma maneira socialmente responsável. Seria preciso selecionar previamente as pessoas entrevistadas e avaliar de que maneira cada uma delas poderá contribuir com esse retrato inalcançável da realidade cultural da cidade. Algo distante da imprevisibilidade do estilo “câmera e ideia”.

Da pesquisa prévia ao boca a boca, chegamos a nomes que talvez pudessem nos ajudar e a partir da primeira conversa já foi possível traçar alguns caminhos. Durante a produção do episódio sobre Artesanato, por exemplo, cada contato levou a um nome diferente que, ao fim, teceu uma rede complexa (assim como é a realidade) de artesãos profissionais e de grupos que, por exemplo, praticam o artesanato sem depender dele exclusivamente como fonte de renda. Seria preciso, mais uma vez, escolher quem dali poderia contribuir com o episódio.

No encontro com a câmera, houve quem falasse de menos, intimidado, nervoso com a gravação, e também o que de tão tímido tentou encontrar um substituto por duas vezes sem sucesso, dando ao fim uma das melhores entrevistas realizadas. Houve quem dissesse exatamente aquilo que o diretor queria. Algumas vezes, o próprio diretor se perdeu, rígido nas perguntas previamente estabelecidas e desatento no diálogo necessário, quando a resposta para uma questão poderia vir na resposta da outra – o que não tem importância, pois é para isso que existem os recursos de edição e pós-produção. Houve também quem contasse longas histórias, num primeiro momento, desnecessárias, visto que não se encaixariam na proposta do episódio, mas que se revelariam como os longos raciocínios, às vezes, chegam a conclusões arrebatadoras, essas sim necessárias ao episódio.

O não dá pra deixar de pensar é como o encontro entre quem está atrás e em frente às câmeras traz elementos que, escapando aos roteiros, contribuem com ele.

Por William Boessio

Lenita - Foto Helena Moura
Lenita – Foto: Helena Moura

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