Em 2021, em meio a uma pandemia mundial, decidimos produzir um documentário que fala sobre os tempos de peste vividos em Santa Maria. Com o lançamento se aproximando, na próxima quinta-feira, 12/05, na Feira do Livro de Santa Maria, às 19h, data que também marca o aniversário de 26 anos da TV OVO, voltamos um pouco no tempo para falar sobre as experiências e o desafio que a produção do filme trouxe.
O primeiro desafio do documentário Tempos de Peste foi, inevitavelmente, a necessidade de abordar um assunto delicado: a morte. No curta-metragem contamos a história de duas personagens, Lourdes Bicca, filha do único sobrevivente de uma família atingida pela peste bubônica em Santa Maria, e Maria Claudete Ribeiro, agente de saúde que perdeu o pai e o primo para a COVID-19. Trabalhar com a tristeza deste tema foi o mais desafiador para o diretor Marcos Borba.
Então, por que trabalhar com essa questão?
Borba responde que é necessário tentar instigar um debate sobre o tema e completa que “a gente precisa refletir, discutir o que nós estamos fazendo enquanto sociedade. Como é que a gente trata o outro nessa sociedade? Como a gente vê o poder público tratando as pessoas? Então, eu acredito que o documentário pode nos ajudar a refletir um pouco mais sobre como vivemos enquanto seres humanos, que fazem parte de um ecossistema, de um planeta, de um conjunto de seres vivos que estão em desequilíbrio e isso resulta nestas ondas de pestes que estão ocorrendo.”
Além dos desafios, tivemos novas experiências na equipe. A Giovana Dutra, acadêmica de Jornalismo da UFSM, que participou da pesquisa histórica e da produção, conta como foi fazer parte do desenvolvimento do documentário. “Eu participei da primeira entrevista [com a personagem Maria Claudete na pré-produção], junto com a Neli. Entender e ouvir a história e perceber o quão interessante seria para o nosso filme foi muito legal.”
Ela também relata que o trabalho coletivo foi o maior aprendizado. “A sala de roteiro foi um grande aprendizado. De que às vezes parece que a gente tem muita ideia e não sabe como direcionar essa criatividade. Cada um tem uma visão sobre essa vivência, cada um passou pela COVID-19 de um jeito. A gente foi acumulando essas experiências e percebendo o que tinha em comum nas nossas histórias e no que a gente queria levar e como levar para a tela, de uma forma que se conectasse com as pessoas que vão assistir ao filme.”
Por fim, o diretor Marcos Borba questiona: qual é o papel da sociedade no trato com os tempos de peste em que vivemos?
O documentário Tempos de Peste tem financiamento da Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria (LIC/SM) e faz parte do projeto Por Onde Passa a Memória da Cidade 2021.
Por Lívia Maria T. de Oliveira