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Exibições levam cultura e audiovisual para diversos públicos

O último mês foi de itinerância de exibições dos três últimos documentários produzidos por aqui: Palma, o 8º Distrito, Santa Flora e Cultura de Afetos – todos são projetos financiados pela Lei de Incentivo à Cultura.

O documentário Cultura de Afetos percorreu quatro escolas da cidade, levando aos jovens  histórias de vida, provocando discussões e reflexão, já que as histórias que abordamos são daqui, de Santa Maria. Neli Mombelli foi uma das integrantes da TV que acompanhou as exibições nas escolas, ela que assina a direção e montagem do Cultura de Afetos. Neli explica que o documentário é um produto político que trata questões importantes da nossa vida cotidiana como a diversidade de pessoas, culturas, etnias e gênero, além desses aspectos a produção discute políticas públicas relacionadas à economia solidária, questões ambientais, alimentação saudável e produção sustentável.

Cerca de 200 pessoas, entre alunos e professores, puderem acompanhar a narrativa do filme que apresenta a rede de vidas e histórias tecidas nos 25 anos da Feira Internacional do Cooperativismo (Feicoop). A produção foi até as escolas Pão dos Pobres, EMEF Reverendo Wilderlich, Escola Municipal de Aprendizagem Industrial- EMAI, e a Escola Irmão Quintino. Mas e qual é a motivação de levar todo esse material para a geração de jovens de hoje? Neli relata que apesar dos desafios vale a pena provocar essa experiência aos estudantes, “considero o documentário um filme difícil para ser trabalhado com adolescentes, porque a narrativa traz temas complexos, fala do rural e do urbano, e não tem um ritmo frenético comum das narrativas para jovens hoje em dia. Mesmo assim, levá-lo para as escolas foi surpreendente porque houve muito diálogo. Os temas do documentário são temas presentes nos debates promovidos pelas escolas, como na disciplina de Geografia, por exemplo.”

Pensar em exibir um documentário como o Cultura de Afetos para jovens do ensino fundamental é desafiador. Heitor Leal, que fez a captação de som do filme, também acompanhou as exibições e relata que foi surpreendido: “pensávamos que provavelmente os estudantes não teriam interesse, já que não acessam frequentemente esse tipo de produção, era de se esperar pouca receptividade. Foi aí que nos enganamos. Em todas as escolas pelas quais passamos o documentário foi bem recebido e em muitas teve um debate bastante proveitoso com os alunos”. Os 50 minutos de falas sobre pautas políticas e sociais cativou muitos dos jovens presentes nas exibições. Heitor ainda acrescenta: “o momento mais interessante foi na Escola Municipal Pão dos Pobres, lá os professores trabalham com os alunos, por meio de seminários as questões abordadas no documentário como agricultura familiar, orgânicos e uso de agrotóxicos. Desta forma o debate foi bem produtivo. Mas não dá para deixar de falar de todas as outras escolas. O EMAI é uma escola técnica que reúne alunos de diversas outras escolas e se mostraram bastante interessados pelo tema, assim como os estudantes da Reverendo Alfredo Winderlich. E finalizamos com o nosso maior público na Escola Irmão Quintino, onde o documentário despertou o interesse dos alunos em participar da feira”.

Exibição do documentário Cultura de Afetos na Escola Municipal Pão dos Pobres. Foto de Neli Mombelli

Outra produção que entrou em circulação foi o documentário Palma, o 8º Distrito, dirigido por Denise Copetti. O lançamento foi na Feira do Livro de Santa Maria, no espaço Livro Livre, e seguiu para exibição no Distrito de Palma – no local onde as histórias contadas afloraram. Cerca de 90 pessoas aguardavam a sessão de cinema organizada na Capela de Santa Terezinha.

Mesmo numa noite fria, o burburinho de vozes tomava o salão. Heitor, responsável por montar a tela para exibição, conta, entre risos, que é sempre uma “função”, “mesmo com esses meus quatro anos de TV OVO e todas as projeções que ajudei a montar, ainda sempre sinto um frio na barriga quando começo a preparar os equipamentos para exibir algo. Acho que esse momento é como se fosse o show, montamos tudo e lá está nós e o público, esperando para ver o que preparamos. E tudo tem que dar certo. Até terminar o filme eu fico pensando ‘e se faltar um cabo? E se o computador travar?’ Mas quase sempre dá tudo certo no final e quando ouço as palmas é só alegria.

A comunidade de Palma mostrou-se grata e contente com a produção, muitos moradores ainda relataram morar em Palma desde seu princípio e não terem conhecimento de muitos fatos apresentados no filme. Seu Rógerio Bolson, morador, deu nota 10 à equipe e ao documentário. Ele também diz ter planos futuros para o filme, quando tiver o DVD quer levar aos amigos e parentes: “A exibição do documentário foi ótima, fortalece a comunidade e o coletivo”, finaliza o morador de Palma. Além de Rogério, Noemi Ramiro Vedoin, professora de História, encantou-se com o filme e o define como um regaste da história de Palma que ainda tem muito o que construir.

Após os depoimentos, as conversas e os abraços, tivemos muitos aplausos e uma mesa partilhada para recarregar as energias. Helena Moura, que trabalhou na produção do documentário sempre se entusiasma com as exibições. “O processo de voltar ao distrito para mostrar a obra pronta é muito bom, é um sentimento de alegria, felicidade. A gente se sente preenchido. É muito prazeroso, porque o intervalo de tempo entre as gravações e a finalização do documentário é muito grande. Então, a gente fica muito tempo sem ir ao distrito e sem manter contato com eles. Quando a gente começa a telefonar, a entrar em contato novamente para dizer que o documentário está pronto, eles ficam muito felizes e nós também. Quando a exibição acaba, ainda rola um bate-papo para saber se o pessoal gostou ou não. E quando o retorno é positivo nós ficamos muito gratos. Voltamos para casa com o sentimento de dever cumprido”.

O Distrito de Santa Flora também registrou suas histórias pelas lentes da nossa câmera. A equipe que produziu o documentário Santa Flora, com direção de Paulo Tavares, finalmente pode retornar ao distrito no dia 28 de maio e então proporcionar a sessão de lançamento aos moradores, aos personagens, a quem se identifica com o local. Helena, que também se envolveu com a produção desse filme, conta que o documentário foi muito elogiado pelas pessoas que estavam presentes no salão comunitário de Santa Flora e destaca a participação de seu Amaury, um dos personagens do filme. “Seu Amaury agradeceu muito pelo registro, pois o distrito não possuía nenhuma obra audiovisual.  Esse produto vai ajudar os jovens do distrito a conhecerem melhor suas histórias. Quando estávamos preparando a sala para a exibição, o pessoal estava bem ansioso, pois queriam ver o documentário e saber quem deu os depoimentos, se era alguém que conheciam ou não, se identificavam algum amigo”.

Levar ao público as produções audiovisuais que nascem a partir do trabalho coletivo, da vontade de construir histórias e laços, da cultura e do audiovisual é uma das missões da TV. Heitor revela-se um entusiasta de exibições: “Sou fã de exibições, é um importante espaço para fazermos circular nossas produções – uma das coisas mais complicadas de se fazer. A difusão das nossas obras independentes serve muito para aproximar os produtores de conteúdo dos espectadores. Aí está o grande diferencial desse formato, poder compartilhar a experiência do fazer audiovisual. E não posso esquecer também que essa atividade é uma maneira de descentralizar e democratizar os espaços de assistir cinema, levar o audiovisual a lugares que são pouco utilizados pela sétima arte e de dar visibilidade para a TV OVO, pois muitas vezes é nessas atividades que as pessoas passam a conhecer quem somos”, acredita ele.

Por Tayná Lopes

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