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‘Tá’ rolando cinema na escola Francisca Weinmann

Há três anos, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Francisca Weinmann, localizada no Bairro Uglione, em Santa Maria, desenvolve um projeto de cinema que integra os alunos desde a pré-escola até o 9º ano do ensino fundamental. Enquanto os mais novos participam atuando ou ajudando no cenário, os alunos das séries mais avançadas ficam responsáveis pela pesquisa de referências, trilha sonora, produção no set e formulação das ideias e roteiros.

No ano passado, foram feitos seis curtas. Um deles será lançado no mês de abril. Infância remonta o ser criança nas décadas de 1940 a 1960. A produção mobilizou um total de 50 alunos (ao todo a escola possui 200). Os estudantes que fazem parte do projeto  participam por iniciativa própria, não recebem nota por isso. Neste ano, são 20 alunos envolvidos sob a coordenação da professora Claudia Nunes.

A partir dos encontros é Escola Francisca_02possível perceber que eles querem ser atrizes, atores e que também querem praticar ou desenvolver conhecimentos adquiridos em outras atividades. Outros ainda acabam percebendo que gostam de contar estórias e construir roteiros, é um espaço de descoberta. A inclusão é uma das características mais importantes do projeto. Não há uma seleção onde somente os melhores alunos participam. Para Claudia, “essa é uma das funções do projeto: incluir os alunos que estão bem na escola, mas também trazer para cá aqueles que vão se sentir valorizados, aqueles que de alguma forma não se sentem bem, que tem dificuldade de aprendizagem ou até de relacionamento”. Inclusive, muitos alunos que às vezes não se dão bem na escola mostram o oposto no projeto, onde têm um bom desempenho.

Alguns estudantes que já concluíram o ensino fundamental querem voltar e continuar participando do projeto. É um desafio que eles terão de enfrentar, conciliar os estudos na nova escola com a participação nas produções. A escola apoia muito esse programa, a professora conta que nunca recebeu um “não” da equipe gestora ou da diretora da instituição. Há um envolvimento muito grande de toda a comunidade escolar e os outros professores sempre acompanham as realizações do projeto, seja apoiando as produções ou acompanhando as estreias.

Os pais também apoiam e apostam na iniciativa, possibilitando que os filhos participem e, sempre que possível, acompanham as atividades. Claudia comenta que “os pais observam que os filhos vão se transformando, vão mudando, vão demonstrando maturidade em casa e para com a escola”. Essa confiança se transforma em parcerias, pois não há verba destinada para que as produções sejam realizadas. As gravações são em finais de semana ou finais de tarde, para que as aulas não sejam prejudicadas, e com a ajuda de pais e de toda a comunidade escolar, minimizando os custos. Um verdadeiro trabalho de equipe.

Escola Francisca_01A TV OVO colaborou com a proposta ainda no ano passado, quando Paulo Tavares participou de alguns encontros de forma voluntária. Neste ano, a TV OVO volta com uma oficina, contrapartida de um projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura, onde o objetivo é desenvolver um roteiro completo para uma ideia que foi concebida no ano passado. Serão cinco encontros durante uma semana.

Paulo salienta a importância de as escolas abrirem as portas para que o cinema seja parte do currículo dos alunos. Para ele, os meios de produção estão cada vez mais acessíveis e até mesmo um celular com câmera pode ser usado para criar um conteúdo em vídeo. “O cinema na escola vai fazer com que o aluno se aproxime da linguagem audiovisual onde irá compreender melhor o processo de realização. Dessa forma ele poderá experimentar, dar asas a sua imaginação e produzir as suas próprias estórias”, enfatiza Tavares.

A professora Claudia conta que quer muito manter os laços com a TV OVO, pois ao trabalhar com crianças e jovens, entre 9 e 15 anos, percebe que a TV pode ser uma oportunidade futura para muitas delas. “A possibilidade que essa escola de zona urbana, de periferia de Santa Maria, está dando para os alunos é uma possibilidade rara. E poder trazer pessoas que entendem tão bem de cinema, como o Paulo, representando a TV OVO, para nós é muito importante”, comenta Claudia.

Ainda, para a professora, o Escola Francisca_03projeto estimula cultura, conhecimento, a possibilidade de sair dos muros da escola, a vivência de outras situações, além de permitir que os alunos conheçam pessoas que trabalham com cinema em Santa Maria. Aliás, muitos deles aproveitam os ensinamentos também fora da escol. Quatro estudantes foram selecionados para compor o elenco da produção de um curta santa-mariense de Jayme Filho, chamado Desencanto. A professora Claudia diz que sempre apoia e acredita na capacidade dos alunos, por isso que incentivou eles a participarem deste teste onde foram selecionados. “Eu não imaginava. Ano passado, antes de acontecer isso, eu pensei: Poxa vida, num futuro daqui 10 anos, no entanto o futuro foi lá, já foi ano passado”, comemora Claudia.

Texto e fotos: Heitor Leal

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