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O teatro como ferramenta para a luta camponesa

Teatro como forma de promover a conscientização sobre os direitos do pequeno agricultor. Foto: Juliana Brittes

Era uma sexta nublada em julho no Parque da Medianeira, dia 13 especificamente, o vento norte que assoprava na cidade rodeada por morros movimentava a 26ª edição da Feira Internacional do Cooperativismo, a Feicoop. Com grande diversidade cultural, faces do Brasil e de diferentes lugares da América Latina estavam presentes nos quatro dias de encontro com o tema da economia solidária. Entre vendedores de roupas, artesanatos, comidas e diversidades, constava na programação oficinas e palestras. Entre elas, na parte superior do terreno, ao lado da praça de alimentação, a metade da manhã estava marcado uma roda de conversa sobre a Linha do tempo das Mulheres na Economia Solidária: reconhecimento e valorização do trabalho e luta das mulheres na construção da história da Economia Solidária no Brasil, e, ao lado da tenda, um grupo de teatro ensaiava antes de começar o Seminário da Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da Alimentação Saudável.

O grupo, chamado de A Caravana de Luta Camponesa Alexina Crespo, é formado por jovens que, com um viés de militância pela juventude, utilizam a ferramenta do teatro para promover a luta camponesa. O grupo é composto pelas gaúchas Marta Inês Bringmann, Camila Borges e Sindi Xavier, o catarinense Márcio Volnei Kapps e o mato-grossense Rafael Celestina. Sindi, uma jovem de 27 anos de Santa Cruz/RS, integrante do MST e coordenadora do grupo Pequenos Agricultores, explica que a caravana percorre o RS durante sete meses (de abril até dezembro), e passa pela região norte do RS, em áreas indígenas, Caçapava do Sul – área de mineração e Santa Cruz do Sul – área fumageira.  O roteiro é pré-estabelecido de acordo com a necessidade de alcançar alguma região que seja necessário levar a discussão que permeia a luta e a defesa da agricultura familiar. Ela comenta que existe outra caravana em Pernambuco, em que jovens de outros estados atuam com as mesmas pautas.

O Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) é uma forma de ajudar aos agricultores buscarem seus direitos. Rafael, que também integra a caravana, foi convidado para participar do grupo quando conheceu na Escola Camponesa da Memória em São Paulo. Segundo ele, “o teatro é uma boa fórmula de se passar informação para aqueles que realmente precisam, já que plenárias de horas e horas falando se tornam massantes”. Já Camila, que tem 18 anos, vivencia o movimento desde pequenina. O pai dela viajou para o Ceará para fazer um trabalho junto com o MPA e conheceu a mãe de Camila. Ela participa dos acampamentos desde os 2 anos de idade. O teatro veio como um complemento da sua história.

A metodologia de teatro que eles utilizam busca inspiração no livro Teatro do oprimido, de Augusto Boal, que propõe utilizar a dramaturgia como uma ferramenta para o trabalho político, e também difundir o debate dentro do movimento. A Caravana possui quatro peças montadas e, de acordo com as demandas que surgem, eles adaptam conforme as pautas decorrentes. Na Feicoop, eles apresentaram três delas: alimentação saudável e história do MPA, direitos sociais e talkshow.

Por Juliana Brittes

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