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O jornalismo e a capacidade de estranhamento

Trabalhar no campo do audiovisual não é uma tarefa fácil. A variedade de ferramentas narrativas e contra narrativas que temos é gigantesca e além das barreiras criativas e imposições externas podem influenciar no resultado final de uma produção. O Colóquio Narrativas Audiovisuais e Informação, que ocorreu na quinta-feira (11) no Theatro Treze de Maio, discutiu a pluralidade nas maneiras de se fazer audiovisual, tocando em pontos como a ascensão dos dispositivos móveis e a emergência de novas ferramentas para contar histórias em movimento.

Laura Capriglione, do Jornalistas Livres, falou sobre a necessidade do jornalista se inserir nos atos dos movimentos sociais e usou como exemplo sua cobertura feita durante as reintegrações de posse na capital paulista em 2013. A jornalista também enfatizou como a mídia tradicional pode operar de forma a criminalizar movimentos, apresentando as minorias como vilãs. Ela também comentou sobre a importância das redes sociais como novidade narrativa em meio à crise no jornalismo, pois graças a essas ferramentas, fatos que antes não  tinham voz, acabam ganhando espaço, como o caso Amarildo. As mídias alternativas, juntamente com as redes sociais e os dispositivos móveis, para ela, ampliam a variedade de narrativas e abrem espaços para pautas feministas, étnicas, de temas ligados à comunidade LGBT, entre outros, que são noticiados de forma mais humanizada.

Narrativas Audiovisuais e Informação1edit

Mesmo inserido dentro de um veículo de comunicação tradicional, o jornalista Marcelo Canellas deixou claro seu posicionamento dentro da emissora e falou que a censura faz parte da vida do jornalista, mas que é preciso aprender a defender e a trabalhar o viés que se acredita. Mas as dificuldades não estão só na redação, como em uma recente reportagem sobre Liliane, uma mulher que ficou quase dois anos afastada do filho pequeno, depois de uma denúncia falsa de maus-tratos, que após uma decisão da Justiça conseguiu recuperar parte da guarda do filho que é dividida com a família que acolheu a criança. Devido uma imposição judicial, a rede Globo foi proibida de exibir imagens da criança e da família adotiva. Para não perder o material, a opção foi trabalhar reelaborar a narrativa com ilustrações e recorrer à encenação para não derrubar a pauta. Canellas afirma que ter posição e não ter medo de dialogar com os editores-chefes é a melhor maneira para se iniciar as mudanças nas redações. Para ele, pautas sempre são a respeito da condição humana e sua relação com a desigualdade social, ainda tão intensa em nossa sociedade.

O colóquio contou ainda com a presença de Eliza Capai. Para a produção do documentário Tão Longe é Aqui, a jornalista itinerante visitou o município de Guaribas, no Piauí, que já foi o lugar com o segundo menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país, situação essa que, segundo ela, mudou após a implementação dos programas Bolsa Família e Fome Zero. Titulares do bolsa família, as sertanejas estão começando a transformar seus papéis na família e na sociedade do interior do Piauí e se libertando da servidão ao homem, milenar como a miséria. Inclusive, as novas gerações já passam a se mostrar contrárias às situações ao seu redor, como casar e viver para cuidar da casa. Durante sua estadia na região Nordeste, Eliza percebeu que mesmo em um lugar quase esquecido, onde assuntos relacionados a pauta feminista estão longe de ser algo em alta e o machismo ainda impera, a juventude vem se mostrando extremamente empoderada e pequenas ações como os benefícios sociais têm grande influência nessa oportunidade de independência das mulheres. São os estranhamentos culturais que movem muitas das produções da documentarista.

Por Valdemar Neto

Foto de Pedro Piegas

 

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