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Jovens da Zona Oeste produzem documentários em oficina da TV OVO

Jovens e adolescentes da periferia gravam curtas com temas da sua realidade / Foto: Alan Orlando

A oficina de audiovisual do Núcleo Cultura, Arte e Cidadania (NUCAC), promovida pela TV OVO, com apoio do Griô Ateliê, está chegando ao fim. No total, 20 pessoas participaram do curso, o público-alvo da iniciativa foram jovens entre 15 e 25 anos, moradores da Vila Resistência, Cipriano da Rocha e Tancredo Neves. O resultado final é o lançamento de dois documentários que foram produzidos pela turma: O preto que não está na pele e O que não é visto. A escolha dos temas, roteiro, captação das imagens, áudios e edição do material foi feita pelos jovens, que criaram curtas-metragem que abordam questões do entorno em que vivem. 

O curso, realizado entre os meses de maio e julho, com dois encontros semanais, no Centro Comunitário da Cipriano da Rocha, contou com aulas teóricas e práticas coordenadas pelos oficineiros Neli Mombelli, Alexsandro Pedrollo, Alan Orlando, Evandro Depiante e Gelton Quadros. Durante os três meses, os participantes aprenderam sobre linguagem audiovisual, criação de argumento, roteiro, documentário, direção, direção de fotografia, narrativa sonora, captação de imagem, edição, decupagem e montagem.

O documentário O preto que não está na pele, idealizado e dirigido por um dos grupos da turma, busca retratar o preconceito sofrido por culturas de origem preta, independentemente da etnia de seus praticantes. O filme dá ênfase às religiões de matriz africana, como a Umbanda e a Quimbanda, e ao Hip Hop, com foco no Rap e nas batalhas de rima que promovem a cultura das ruas, mas que costumam ser marginalizadas por parte da sociedade.

O grupo gravou em um terreiro para abordar o tema preconceito / Foto: Alan Orlando

A equipe do filme O preto que não está na pele é composta por João Batista (JB), Pamela Vitoria Brandão, Roberty Revelante, Isabela Monteiro, Gabriel Dias e Rafaela Revelante. Um dos diretores do curta, João Batista, de 25 anos, conta que a temática surgiu da união de ideias do grupo. 

Cada membro tinha interesse em falar sobre um assunto, eu queria falar sobre batalhas de rimas, outros sobre discriminação racial e religião. Refletimos e vimos que tudo isso tinha algo em comum, são culturas que acabam sofrendo preconceito por serem de origem negra”, relata. 

O filme conta com três entrevistados que falam sobre preconceitos vivenciados. JB é responsável por guiar a narrativa e entrevistar os personagens e comenta que a experiência de gravar um documentário foi muito positiva. 

“Era algo que eu não pensava em fazer antes da oficina. Foi muito legal colocar em prática tudo o que aprendemos e, além da captação de imagens, a parte da edição foi um novo desafio. Fiquei bem ansioso com a edição, pois foi gravado muito material e tivemos que selecionar o que entraria na montagem para ser um produto final interessante para quem assistir. É muito bom ver o processo de produção desde a ideia, criação do roteiro e som”, salienta.

O outro documentário produzido, nomeado como O que não é visto, fala sobre a vida de duas irmãs com deficiência visual, que são participantes da oficina e moradoras da Vila Resistência. No curta, a jornalista Débora Flores vai até a casa das irmãs para conhecer Larissa. A menina havia enviado uma cartinha de natal desejando ganhar de presente algo da Argentina, que é sua grande paixão. Débora foi quem recebeu a carta e além de dar o presente também enviou fotos de Buenos Aires, mas depois descobriu que as meninas não enxergavam. 

A jornalista Débora Flores é personagem junto das irmãs / Foto: Heloisa Helena Canabarro

A equipe que produziu o curta é composta por Larissa de Andrade, Raissa de Andrade, Isadora da Rosa, Fernanda do Prado, Júlia da Silva, Rosa Santos e Lucas Machado. Isadora da Rosa, de 22 anos, auxiliou em todo o processo, desde o roteiro até a edição, e explica como surgiu a ideia do tema:

“Foi no meio de uma conversa quando Larissa e Raíssa começaram a nos contar suas histórias. A experiência de participar da produção de um filme foi algo muito interessante e satisfatório de fazer parte, poder aprender mais e ainda contar a história das meninas”, relata. 

Grupo gravou o documentário na Ocupação Vila Resistência, situada no bairro Pinheiro Machado / Foto: Heloisa Helena Canabarro

Agora, os jovens focam na finalização do audiovisual com a orientação dos oficineiros e estão no processo de edição e montagem do material. Em breve, será divulgado a data e local da exibição de O preto que não está na pele e O que não é visto

A experiência da oficina NUCAC e o novo olhar para o audiovisual

Registro da primeira aula do curso / Foto: Heloisa Helena Canabarro

Os jovens tiveram a oportunidade de compreender melhor e experimentar na prática a produção audiovisual, entenderam como é estar por trás das câmeras e todo o processo de criação de um documentário. Um dos objetivos do curso é criar um ambiente propício para mudanças. Por meio desta capacitação, é possível que surjam novas oportunidades a esses jovens e posteriormente o audiovisual pode ser o caminho para uma profissão ou oportunidade de emprego. 

João Batista destaca que gostou muito do curso, tanto da parte teórica quanto prática, ele leva para vida os conhecimentos adquiridos na oficina e acredita que também é uma boa oportunidade de formação. 

“Achei o curso muito massa, uma coisa que achei legal foi ter vários instrutores da TV OVO e cada um deles ter uma área de conhecimento diferente, isso nos ajuda a enxergar que podemos nos colocar em diferentes papéis dentro da produção audiovisual e nos incentiva a seguir esse caminho. O curso foi muito importante para motivar as pessoas, no meu grupo tinham adolescentes que estão no ensino médio e a oficina possibilita uma nova oportunidade para trabalhar no futuro, quem sabe”, avalia João.

Os participantes do curso se envolveram em todas as etapas da produção, desde operar a câmera até a edição / Foto: Alan Orlando

Na reta final, após meses de aulas teóricas e práticas, os estudantes irão finalizar a oficina com novos conhecimentos e um novo olhar para o mundo à sua volta. Isadora da Rosa, salienta que a experiência foi ótima.

“Foi incrível, com profissionais excelentes e que estão sempre dispostos a nos ensinar e tirar dúvidas. Soube sobre o curso através do meu padrasto, que viu sobre a oficina e sabendo que gosto dessa área me incentivou a fazer. Termino a oficina admirando e gostando ainda mais do mundo do audiovisual”, relata.

O Núcleo Cultura, Arte e Cidadania (NUCAC) pretende utilizar o audiovisual e a arte para promover formação para os jovens, além da valorização da identidade e da formação cidadã com base no sentimento de pertencimento. O projeto também está promovendo outras três oficinas, para jovens e adolescentes da zona oeste, relacionadas à arte, são elas: Pintura e Colagem Criativa, Malabares e Teatro. O NUCAC foi contemplado no edital do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania — PRONASCI 2, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e tem financiamento do Fundo de Defesa de Direitos Difusos. 

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