Na terça-feira (3), a vida do poeta e escritor Felippe D’Oliveira esteve em evidência na 51ª Feira do Livro. A TV OVO exibiu o curta-metragem “Cartas de Felippe”, no Theatro Treze de Maio. O filme aborda o entrecruzamento da arte com a política na vida do poeta. O documentário tem direção de Marcos Borba e foi lançado em abril deste ano no Cineclube da Boca. Após a exibição, houve uma roda de conversa.
“Cartas de Felippe” busca recuperar a trajetória do santa-mariense, que é um expoente da literatura do início do século XX, As cartas referenciadas no título do documentário são um conjunto de 47 correspondências trocadas pela tríade indissolúvel formada por Felippe D’Oliveira, João Daudt Oliveira e João Neves da Fontoura. Além deles, outras personalidades importantes da política gaúcha se comunicam por meio das cartas, como Borges de Medeiros e Getúlio Vargas.
De acordo com o diretor Marcos Borba, a ideia para o curta-metragem surgiu quando o professor Pedro Brum Santos compartilhou sobre a pesquisa que realizava sobre as cartas e o envolvimento do poeta com a política. “Comecei a associar essas questões, Felippe nasceu aqui, nosso grande poeta tem essa trama e está envolvido com coisas que mudou e revolucionou o país”, relata o diretor.
A produção conta com depoimentos dos professores e pesquisadores Pedro Brum Santos e Lucas da Cunha Zamberlan, que estudaram sobre a vida do poeta e possuem uma farta pesquisa sobre o material do conjunto das cartas de Felippe. O filme também traz uma entrevista com o escritor e jornalista Juremir Machado, profundo conhecedor da história de Getúlio Vargas.
Ao pensar sobre a narrativa do documentário, Marcos decidiu colocar um alter ego, um fantasma que olhasse para ele mesmo e pudesse ajudar a contar a sua própria história. O ator santa-mariense Guilherme Senna, que interpretou o poeta no filme, comentou sobre a dificuldade de não ter uma referência de vídeos ou áudios de Felippe.
“Eu tive que usar o meu imaginário criativo para me conectar com essa figura e como trazer isso para a minha interpretação. Quando estava gravando me concentrava e pensava ‘espero que você esteja aqui comigo’, essa foi a primeira vez que interpretei uma pessoa real. Tentei criar essa conexão, pensava ‘estou falando com você, então fale por mim’”, revela o ator, que compareceu à exibição caracterizado de Felippe.
Uma curiosidade, mencionada no documentário, é que o busto de Felipe D’Oliveira foi roubado enquanto as gravações ainda estavam em andamento, o que levou à necessidade de adaptar o roteiro. “Cartas de Felippe” faz parte do projeto “Por Onde Passa a Memória da Cidade”, aprovado na Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria (Lic/SM).
Texto: Heloisa Helena Canabarro (Mtb: 21.562)
Fotos: Ronald Mendes e Heloisa Helena Canabarro
