Um tema que nunca sai da pauta, ou, pelo menos, não deveria! Direitos Humanos e Cidadania foi o enfoque da primeira edição de 2018 do projeto Narrativas em Movimento, que contou com a participação Beth Formaggini e de Gilvan Dockhorn, realizado na Cesma. Beth é documentarista e historiadora pela Universidade Federal Fluminense, ela também é pesquisadora e fundou a produtora 4ventos. Dockhorn é historiador e professor da Universidade Federal de Santa Maria.
Antes do colóquio, exibimos o documentário Pastor Cláudio (2017, 75′), que tem direção de Beth Formaggini e que traz uma reveladora conversa entre o psicólogo Eduardo Passos e o Bispo evangélico Cláudio Guerra. Guerra é ex-chefe da polícia civil, e o mesmo assassinou e incinerou militantes que se opunham à ditadura civil militar do Brasil. O documentário, bastante impactante, trouxe diversos elementos para pensar a história política do nosso país e os seus reflexos nos dias de hoje.
Durante o colóquio, o documentário foi bastante mencionado, sobretudo a respeito da forma, bastante fria, como Guerra conta as histórias da época e também sobre a impunidade dele e de tantos outros, que cometeram esses mesmos crimes, decorrentes da maneira como se prosseguiu com a anistia no Brasil. Também foram abordadas questões como a morte da vereadora do PSOL, Marielle Franco. Beth comentou que “além da homofobia, que matou uma mulher lésbica, militante, negra, tem também outras forças que estavam atrás desse gatilho.”
Dockhorn comentou que leu o livro de Cláudio Guerra (Memórias de uma guerra suja) e afirmou: “Eu li o livro do Guerra, que é assustador também, mas, mais assustador, é ver o sujeito falando”, referindo-se à postura dele no documentário de Beth. O professor ressaltou ainda a importância de filmes como este, pois “literatura, ficção, livros de história não dão a cara e a voz.”, como o cinema o faz. Para ele, documentários são essenciais para a preservação da memória e para um melhor entendimento de alguns assuntos espinhosos, como o da ditadura.
Durante o colóquio, o público, que lotou o auditório com espaço para mais de 200 pessoas, também trouxe questões relacionados à temática documentário, direitos humanos e cidadania. A programação teve financiamento da Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria.
Confira a conversa que tivemos com Beth Formaginni e Gilvan Dockhorn após o debate.
Por Larissa Essi