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Marcelo Canellas e muito debate nos 15 anos da TV OVO

Mesmo com o frio da noite desta segunda-feira (2), o público não deixou de ir à Feira do Livro prestigiar Marcello Canellas. Mais do que isso, o Livro Livre com o jornalista, em comemoração aos 15 anos da TV OVO, esquentou a praça Saldanha Marinho e contagiou o público com diversas questões pertinentes à  Santa Maria.

O bate-papo começou com Marcos Borba, coordenador de produção da TV OVO, que falou sobre a história da Oficina de Vídeo – TV OVO e sobre a  importância social dela  na formação de jovens. Como a temática da conversa era a memória e a  identidade da cidade e de como o jornalismo pode contribuir no resgate desses aspectos, Borba salientou a importância do acervo que a organização mantém e alimenta sobre a memória da cidade, em especial, das comunidades. E, destacou também, o projeto “Por onde passa a memória da cidade” que busca resgatar o patrimônio material e imaterial de Santa Maria. Após, passou a palavra à Canellas.

O jornalista contou que, quando saiu de Santa Maria, a TV OVO ainda não existia, mas, que após, começou a acompanhar pelas matérias na mídia o trabalho da entidade. Disse ainda, que sempre quis poder ajudar de alguma forma e, por este motivo, ficou  muito feliz com o convite para participar da comemoração dos quinze anos.

O passado presente

O futuro não excluiu o mundo antigo, muito pelo contrário. Para Canellas, moderno, hoje, é cuidar do passado.  Segundo ele, o tempo em que se precisava destruir o passado para construir o futuro já passou. Atualmente, é preciso essa ancoragem, pois sem a identidade o sujeito fica perdido.

Para ilustrar a contribuição do jornalismo na preservação da história, o repórter da Rede Globo mostrou duas reportagens suas que envolviam o resgate da memória. Em seguida, afirmou que o papel do jornalismo está na repercussão que as reportagens podem ter. Ou seja, o jornalista deve jogar uma luz, gerar uma discussão sobre assuntos que muitas vezes estão embotados pelo olhar acostumado ou pelo preconceito.

Nessa linha de pensamento, ele questionou como Santa Maria não aproveita o imenso patrimônio de seu passado; como não reúne suas forças para promover um desenvolvimento que tenha como base a sua história; e como ainda não fez um projeto que englobasse várias áreas e que recuperasse a cidade.

– Atrás de tanta publicidade e da massaroca de fios, no centro da cidade, está escondido um grande tesouro –  argumentou Canellas. Ele também deu ênfase à importância da recuperação da mancha ferroviária.

O trabalho da TV OVO vem ao encontro disso e, segundo o repórter e cronista, é fantástico, pois faz com que a comunidade abra os seus olhos. Além disso, a cidade precisa pensar no tipo de desenvolvimento que quer. Dentro disto, está o desenvolvimento econômico, pois é ele que gera também a recuperação do material. Canellas brincou que Santa Maria não é Caxias do Sul, referindo-se que precisamos pensar em um desenvolvimento para a cidade que tenha a cara dela.  Ele argumentou ainda que o ambiente da feira do livro é muito propício para que se pense neste projeto. Mas que quem deve executá-lo é o poder público.

Canellas  vê o papel do jornalista interligado ao do cidadão. Ele deve levar para dentro da redação aquilo que o incomoda e o que o inquieta, transformando isso em pauta. O trabalho jornalístico e o ser cidadão se confundem, pois, para Canellas, quem não é ético em sua conduta fora do trabalho, também não será nele. Conforme o jornalista, o trabalho do jornalismo não é transformar as coisas, mas mostrá-las:

– É a sociedade organizada que muda a realidade brasileira.

O papel do jornalista deve ser não só o de acatar ordens, mas também, o de sugerir abordagens dentro do veículo que trabalha. Durante as discussões, muitas vezes foi colocado  também  pelo público que a mídia local não dá a devida atenção para a questão da memória de santa Maria.

Ao ser questionado pelo público sobre o que mais o impressionou em todos seus trabalhos, o jornalista citou a desigualdade social. Ele diz que, embora tenhamos condições de resolver o problema, nada é feito. Isso já fez com que ele questionasse o seu papel de jornalista.

Canellas deixou claro que tudo que falou, falou como santa-mariense e como alguém que tem um vínculo muito especial e uma relação de afeto com a cidade. O jornalista adquiriu,há pouco tempo, uma casa antiga para restaurar, pois diz que se incomodava de ver algo tão valioso completamente abandonado.  Agora, busca parcerias para decidir o que será feito com ela.

O jornalista questionou, ainda, porque Santa Maria não conseguiu entrar no PAC de recuperação de cidades históricas, tendo em vista o seu potencial para isso.  Ao ser questionado se o problema de Santa Maria estaria no grande fluxo de pessoas que transita pela cidade e que permanece pouco tempo nela, Canellas disse que acha que a troca de experiências enriquece a história do lugar.

A preocupação com os rumos de Santa Maria foi constante durante a conversa. Ao final, ele parabenizou a TV OVO por valorizar a memória da cidade e por ter criado um acervo de documentações sobre ela.

Texto e fotos: Ananda Delevati

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