A live de lançamento do documentário Pontuando a Cultura, exibida no Facebook e YouTube da TV OVO, no dia 14 de outubro, reuniu Leandro Anton, coordenador do Comitê Gestor da Política Cultura Viva RS e integrante do Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo, de Porto Alegre, e Tadeu Costa, coordenador do Núcleo de multimídia da Comunidade Educacional de Pirinópolis de Goiás (Coepi), que também é Ponto de Cultura, com mediação de Paulo Tavares, representante do Segmento Cultura Viva no Conselho de Política Cultural de Santa Maria, e Tayná Lopes, ambos integrantes da TV OVO, ponto de cultura desde 2005.
O documentário foi construído de forma colaborativa entre seis pontos de cultura do Rio Grande do Sul: Africanidade (Porto Alegre), AIPAN (Ijuí), Instituto Cultural Filhos de Aruanda (Rio Grande), Ponto de Cultura Feminista: corpo, arte e expressão (Porto Alegre), Pampa Sem Fronteiras (Bagé) e Royale Escola de Dança e Integração Social (Santa Maria).
Os convidados ressaltaram a importância de trabalhar em um ponto de cultura, locais onde diferentes formas de artes são desenvolvidas por uma comunidade, como nos pontos em questão, por exemplo, que trabalham com dança, capoeira, teatro, produção audiovisual, trabalhos voltados ao meio ambiente, e grupos com diversas discussões culturais e sociais. Na prática, cada ponto tem atividades pertinentes ao desenvolvimento e integração das suas comunidades, colaborando para que a cultura seja disseminada em pequenos e médios grupos dentro de uma região, descentralizando os eventos culturais que antes poderiam ser vistos somente no centro da cidade ou em cidades maiores.
“O [nosso] ponto de cultura têm contrastes sociais bastante fortes, são comunidades que lutam nos processos de participação social. Ele funciona como um equipamento cultural desde 2008”, destaca Leandro Anton, sobre o Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo, no Bairro Cristal, em Porto Alegre. Segundo ele, é através de um Ponto de Cultura como este que diversas crianças, jovens, e até mesmo adultos, podem se aproximar inclusive do mercado de trabalho, sobretudo, pelas ferramentas que esses grupos disponibilizam, como biblioteca comunitária e cursinho pré-vestibular.
Tadeu Costa passou parte de sua infância inserido em um ponto de cultura. Sua mãe era professora da instituição, e, desde pequeno, ele pôde vivenciar tudo que um espaço como este proporciona. “Eu tive aula de mosaico, de cerâmica, e aí veio a primeira edição do projeto Pura Cultura Viva. No nosso programa, a gente trabalha com poesia, participamos da discussão do Plano Diretor, temos cadeira no conselho de educação e cultura”. Na conversa, Tadeu relembrou o processo de um dos participantes do projeto, Seu Edivaldo. “Edivaldo é o atual secretário da Educação, e chegou através de um primo que fazia mosaico. Logo começou a fazer cerâmica, virou monitor e se encantou pelo audiovisual. Hoje ele grava, edita, faz o programa de rádio e criou um jogo a partir do conhecimento de cultura da nossa cidade. Ele permitiu que a comunidade, que os jovens pudessem sonhar, viver melhor a própria cultura.”
Os convidados comentaram sobre o programa Cultura Viva se tornar uma política de Estado, o que para eles é uma grande conquista, especialmente pela divisão de territórios que contemplam periferias e democratizam o acesso aos bens culturais. “Tem um elemento muito rico onde a cultura passou a ser uma articuladora dos espaços políticos, de salvaguarda do patrimônio. Cria-se uma política em escala nacional que consegue dar equidade à diversidade, ou seja, o mesmo direito que se tem na cidade, se tem no interior e no meio rural. Todos tem uma importância extrema. O recurso que chega a esses lugares não pode ser diferente”, argumentou Leandro.
A possibilidade de trabalhar com instrumentos que a maioria das escolas não proporciona foi uma das questões levantadas no debate, afinal, existem diversas maneiras de se formar pessoas, e uma delas é por meio de atividades e oficinas que estimulem um senso voltado à arte, à criação e à imaginação e que podem ser pela educação não formal.
A respeito do documentário Pontuando a Cultura, Tadeu, que é goiano, comenta: “O documentário consegue demonstrar para a população a diversidade que a cultura tem no Rio Grande do Sul, porque muitas vezes a gente não imagina que aí tem essa diversidade. A gente tem a oportunidade de conhecer através desses fragmentos, através do audiovisual, de ver que o Estado também tem uma cultura negra, africana. Um ponto de cultura é uma expressão da sociedade, imagino o desafio de fazer com cada um num canto gravando. O resultado nos traz uma visão ampla da cultura no Rio Grande do Sul”.
A produção do documentário e a live foram contemplados no Edital FAC Digital RS, uma iniciativa da Secretaria da Cultura do RS, da Universidade Feevale e Feevale Techpark.
Por Eduarda Manzoni