Chegou de mansinho. Não percebeu que, por um longo período, seria apenas ele que habitaria aqueles cômodos.
Não suspeitou do silêncio. Se contentou com os assovios que passavam pelas frestas e se transformavam em acordes.
Sozinho, diante da imensidão em que se encontrava, optou por seguir ao seu modo. Não quis levantar a poeira. Pelo contrário, deixou as partículas de pó entrarem pelos cômodos. Aquilo passou a ser sua diversão. Observar as partículas em suas danças contra a luz até repousarem no chão como quem encerra um ciclo.
Anos e anos nessa dança embalada pelos acordes do vento.
Ele suspeitou do movimento em torno do casarão que, agora, diante do vazio, já era seu.
Recentemente, percebeu que planos e projetos já eram inseridos no lugar que habitava.
Temeu o despejo.
Temeu ainda mais quando viu o despejo da água em suas amigas dançarinas.
Com o espalhar do líquido, percebeu as cores ressurgindo. Percebeu as formas e os formatos que o tempo escondeu. Que ele próprio escondeu o piso como forma de ser menos só.
Apesar da movimentação, o tempo entendeu que continuará na casa. Constatou que agora teria uma notável missão.
O tempo se tornou o detentor dos registros. O tempo agora é a ponte da casa, o elo entre passado, presente e futuro.
Projeto Sobrado Centro Cultural
Patrocinadores: JK Casa e Construção, Beltrame Materiais de Construção, Eny Calçados e Supermercado Santa Marta – Rede Super.
Financiamento: Pró-Cultura RS e Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.
Financiamento: Pró-Cultura RS e Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.