O silêncio da noite era como um jogo. Quanto mais prestava atenção na sua calamidade, mais parte eu me sentia do enredo. Talvez também como nos filmes, quando você imagina a cena clássica de uma[…]
Tag: vida
Aninhada
Um vulto invade a sala. Nada de fantasma; como sempre, temo. No lugar, um pequeno vulto, quase minúsculo, se faz presente. Estamos todos na sala, frente à TV que grita as dores de um documentário[…]
Para que um cronista escreve?
Eu me faço a pergunta acima desde meados de 2002, quando o jornalista Nilson Vargas, então editor-chefe do recém criado Diário de Santa Maria, me convidou para publicar crônicas no jornal que ele estava implantando.[…]
Sobre o Velho que encontrei
Encontrei o Velho sob os escombros de seu passado. Ele agonizava, arfando o peito em devaneios incompreensíveis. Fiz menção de retirá-lo, tentando arrastar seu corpo fraco para fora. Mas ele me ordenou que parasse. Então[…]
Ninete no elevador
Eu a conheci no elevador. Ninete não sorriu. Ninete não me cumprimentou. Nem na primeira, nem em nenhuma das outras muitas vezes em que descemos ao térreo ou subimos juntos até o nosso andar. Morávamos[…]
João não se importa
Digamos que se chame João. Pois o tal João parou sua caminhonetona importada na vaga reservada para idosos, no estacionamento do supermercado. João não é idoso, está bem longe disso. Mesmo assim levou o tempo[…]
Menino do mato
O que tem o cheiro de mato que me puxa? Inflo as narinas e a bafagem orvalhada que emana do capão me abre uma senda de lembranças sensitivas. Meus pés flutuam sobre a cama fofa[…]
O bom, o ruim e o necessário a se fazer
Foi no aeroporto que conheci uma senhora chilena desbravando terras neozelandesas. Ela queria visitar a neta, pensou que mais tarde poderia ser muito tarde – acontece nas melhores famílias – e embarcou sozinha, do Chile[…]
O velho
O velho tinha a cara magra e alva, ornada por olhos de um azul diáfano e triste. Olhava como se doesse, como se a luz turquesa de sua mirada fosse a fagulha renitente de um[…]